quarta-feira, 17 de junho de 2015

Amar, verbo escolar

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Somos cosmos. A tua mão esquerda que tão bem encaixava-se na minha cintura, era junção de estrelas, constelações que misturavam-se nas minhas. Não estamos no universo, somos o  universo e, com os dedos entrelaçados, chocavam-se os meteoros e estrelas cadentes, explodiam-se as matérias; perfuravam meu peito.

Guerreavam os pensamentos. Teus acordos de paz, aceitos, retirados. Eu estava protegida, eu tinha a minha OTAN, a minha marinha invencível. Eu tinha uma líder, um povo e uma religião. Você invadiu meu território, atirou bombas, escravizou meus nativos. Impôs tuas leis. Perdi a autonomia. 

Equacionei-nos. Criei regras exatas, indiscutíveis. Te amei porque x era igual a dois, e x era igual a dois porque éramos destinados. Delta era a metade de x e delta era a minha morte. Delta era real, inteiro e negativo. Delta era eu. 

Cruzei nossos genes. Cabelos castanhos, olhos escuros, genes dominantes. Em ambos. Procurei por genes recessivos, um erro genético raro e incrível, algo que nos desse algum mistério sobre o futuro. Mas fomos claros, diretos, dominantes. Cabelos escuros. Olhos castanhos. Dobrar a língua. Dominantes. Como discutir? Éramos do mesmo patamar. 

Mas, my dear, você era contestável. Why?, eu disse. Because I love you, você respondeu. So, stay. Aqui do meu lado, no sofá, na Inglaterra, na África. Você me olhou, me joguei. Disse: I love you, but no fucking way. 

Gritamos por liberdade. Igualdade. Fraternidade. Joguei-te nos coliseus, chamei-te de Romeu, nos 18, iluminamos. Éramos repetições, grandes líderes que não aprendem. Você me concentrou e tocou-me fogo. Quantos anos ainda precisarei para reconstruir-me e ter um país? Não saberemos. 

Mas, te tive. Você me teve também, fácil demais. Caetaniei tuas palavras, machadiei nossos problemas. Somos alunos errantes, temos heróis. Você, Mendel. Eu, Camões. Os livros nos explicaram, mesmo quando você confiou na sua biologia. Mas aqui estamos. Aqui e ali. Aprendendo. Presos a uma instituição educacional. Separados por uma parede. E foi então que entendi. Reli Drummond, disquei teu número. Amar continuou sendo verbo intransitivo.



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