sexta-feira, 19 de junho de 2015

O mundo não aguenta mais esse meu não amor por você


Eu chorei aquela noite. Chorei aquele dia. Chorei aquela semana. Chorei o mês. Não entendi porquê, eu não te amava. Não entendi o meu drama, não saquei minhas próprias jogadas. Chorei o dia, a tarde e a noite. 

O seu nome piscou na minha tela como um farol. Plim. Senti o corpo tremer, mas fingi que era frio. Não entendi o meu nervosismo, não entendi suas frases secas. Chorei a noite, mas só a noite. Sonhei com você, mas acordei tranquila. Eu não fiquei nervosa naquele dia, nem mesmo por um segundo.

Briguei com a minha amiga depois. Você voltou a me incomodar. Pensei em te chamar, te pedir desculpa pelos meninos que beijei. Me angustiei aquela madrugada inteira. Demorei pra dormir, a minha cama me lembrava você. O meu armário, os meus cds, meus discos, meus livros, as marcas na parede. Você perambulou pelo meu quarto aquela noite, mas não como naquele dia.

O seu cabelo estava da exata maneira que eu gostava (e sei que o meu também estava da exata maneira que você gostava). Senti saudades de afundar meus dedos nos fios, brincar com eles, lavar o spray rosa que você usou naquela quinta-feira. Não entendi o riso apaixonado que você me deu aquele dia, enquanto eu secava pacientemente seus cabelos. Não entendi o seu olhar no meu, o meu lábio mordido, a sua mão procurando a minha bunda. Chorei de saudades. Chorei a tarde. 

Chorei o mês porque não entendia. Chorei meu medo da submissão, chorei a indiferença que você sente por mim. Demorei pra dormir porque demorei pra perceber. Chorei de saudades de mim. Da minha paz, do meu riso frouxo. Saudades da minha literatura, das minhas músicas, do meu humor, dos meus ismos que tanto te incomodavam. Nem sei se esse texto é ou seu. Só sei que agora entendi e não chorei. O meu corpo não aguentava mais esse meu não amor por você.


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